domingo, 22 de maio de 2011

Contra vento e través


Pernas de contravento e través
  

A
forma mais simples de fazer uma tirada é com vento de cauda, entretanto em
algumas situações, principalmente em competições, é necessário voar no contravento
ou com vento de través. Esses voos, dependendo da intensidade do vento, vão
exigir uma boa capacidade técnica do piloto.
    Para
realizar voos dessa natureza é fundamental a presença de um GPS, pois ele
fornecerá os dados necessários para a avaliação do piloto, que deve ter em
mente a velocidade de seu parapente de mão alta. Vou exemplificar da seguinte
forma, um voador cujo parapente tem a sua velocidade homologada de mão alta em
40 Km/h, em determinada hora de seu voo, quer checar a direção e intensidade do
vento. Para isso é necessário realizar um giro e verificar a maior velocidade
registrada no GPS, nesse momento você já teria a direção do vento, ou seja, no
sentido da maior velocidade e para saber a intensidade é só diminuir da
velocidade do seu velame, que no exemplo é 40 km/h. Seguindo esse raciocínio na
direção oposta teríamos o contravento e 90 graus defasados o través.
Normalmente utilizo esse processo quando estou enroscando, assim quando chego
ao topo da termal não tenho mais dúvidas da direção e intensidade do vento. A
direção e intensidade do vento são dados que o voador deve sempre ter em mente
e checar constantemente em voo.
      Vou
apresentar em escala crescente de dificuldade, as formas que podemos voar com
relação ao vento. A primeira seria o voo com vento de cauda, seguida pelo
través e finalmente o contravento. O voo com vento de cauda é facilitado, pois
o nosso paraglider alcança maiores velocidades e desta forma varre maiores
áreas, tendo mais possibilidades de encontrar térmicas.
      Antes de falar de voo com vento de través,
vou explicar o que são linhas de térmicas, pois é um conceito que devemos
considerar para voar com esse tipo de vento. Normalmente as térmicas de média
intensidade são arrastadas pelo vento, e quando essas térmicas são originadas
de uma fonte de calor que se satura (gera térmicas) em períodos curtos, vão se
formando linhas de ascendentes, que se deslocam na direção do vento reinante,
ou seja, para mais de uma fonte as linhas ficarão paralelas entre si devido à
atuação do vento.  Desta forma quando
voamos com vento de través temos maior possibilidade de cruzar essas linhas de
térmicas. Esse conceito também pode ser utilizado quando esgotamos o recurso de
voar com o vento de cauda por um longo tempo numa transição entre térmicas,
onde começamos a perder altura e não vislumbramos boas opções pela frente. Devemos
nesse momento guinar de 45 a 90 graus da direção do vento, pegando o vento de
través e cortando o maior número de linhas possível.
      O
contravento, dependendo da intensidade do vento, é a forma mais difícil de voar.
Para voarmos no contravento, temos que monitorar a nossa velocidade de avanço a
todo o momento e se for muito reduzida, devemos optar por voar em diagonal, ou
se for possível, apoiarmos em algum relevo nessa direção. O voo no contravento
é mais lento e temos que estar atentos para subir nas térmicas o mais rápido
possível, pois estaremos derivando com elas e assim nos afastando de nosso
objetivo. Não demore muito enroscando uma térmica com outra na sua frente,
mesmo que isso signifique abandoná-la no início, usando essa técnica você vai
evoluindo mais rápido em direção ao seu objetivo. Nas transições se preocupe em
pegar uma boa linha, com pequena taxa de afundamento e evite fazer transições
longas, uma vez que o vento dificulta o seu avanço. Para identificar se uma
linha é boa ou não, tenha em mente a taxa de afundamento normal do seu velame e
compare com a taxa de descida que o seu variômetro apresenta, se a linha não
for avaliada como boa derive lateralmente a proa adotada, sempre observando o
variômetro, na busca por uma linha melhor, vale lembrar que as linhas derivam
na direção do vento, desta forma quando encontrar uma boa linha, basta apenas
derivar com o vento de cauda. As linhas de térmicas não devem ser ignoradas ou
tratadas como um detalhe, elas são de suma importância para a realização de um
bom voo de cross e vitais em competições.
    Enfim,
explore todos os recursos, mais para isso acontecer é necessário conhecimento.
Procure o conhecimento técnico do esporte, esteja em sintonia com seu
equipamento e sempre de olho em algum pouso próximo, não voe sem ter algum
pouso alternativo e não atravesse áreas sem pouso. O vento é um grande aliado
no voo de cross, mas por vezes pode ser um grande vilão colocando a nossa vida
em risco.

 

Tradução :Alexandre Vieira Malcher